O palco e o mundo


Eu, Pádua Fernandes, dei o título de meu primeiro livro a este blogue porque bem representa os temas sobre que pretendo escrever: assuntos da ordem do palco e da ordem do mundo, bem como aqueles que abrem as fronteiras e instauram a desordem entre os dois campos.
Como escreveu Murilo Mendes, de um lado temos "as ruas gritando de luzes e movimentos" e, de outro, "as colunas da ordem e da desordem"; próximas, sempre.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Evento: aniversário de São Paulo

No aniversário de São Paulo, também a Casa das Rosas manterá uma programação especial.
Como é sabido, a Casa das Rosas hoje é patrimônio estadual junto com a biblioteca do poeta Haroldo de Campos, nela abrigada - e, como tal, integra juridicamente o patrimônio público.
A Casa se tornou pública de fato, e não só de direito, por meio da atuação do professor e poeta Frederico Barbosa, que a abriu para diversos grupos e tendências. Ninguém pode dizer, creio, que sua atuação frente à Casa foi sectária. Até mesmo eu, que não tenho ligação alguma com o partido no poder no Estado de São Paulo (já o critiquei diversas vezes e não tenho ligação com partido algum), nem faço parte de grupos de prestígio literário, já lancei dois livros lá (História e Método na Pesquisa Jurídica, coordenado por Carlos Eduardo Boucault, e uma antologia para crianças da poesia de Federico García Lorca, que selecionei e traduzi, Meu coração é tua casa, que ganhou o Altamente Recomendável da FNLIJ).
Amanhã, participarei do sarau das quatro horas da tarde. Mesmo assim, será interessante já estar lá, por causa da programação anterior, e na Casa permanecer, em razão dos outros nomes que estarão no sarau da tarde e da música e da poesia que acontecerão até o fim da noite.
Não vou falar deles. Prefiro lembrar de alguém que já não pode falar: Luis Aranha, o participante da Semana de Arte Moderna que abandonou a poesia, e cujo livro Cocktails foi recuperado por Nelson Ascher e Rui Moreira Leite. Os originais haviam sido entregados pelo autor a Mario de Andrade, escritos entre a Pauliceia Desvairada de Mario e a Poesia Pau-Brasil de Oswald de Andrade, mas só publicados nessa edição de 1984 da Brasiliense.
Nelson Ascher bem destaca na introdução o singular internacionalismo do poeta.
Queria lembrar só deste trecho do poema "Drogaria de éter e de sombra":

Sou Poeta!
E todos os barulhos não valem a ressonância do meu crânio!
A multidão arrastando-se na cidade
O tripudiar de um piquete de cavalaria
Bondes desabalando frenesis de velocidades
Um milhão de máquinas de escrever batendo frenética [simultaneamente todas as suas teclas
Letras se suspendendo em pontas de tentáculos
Villes Tentaculaires!


É surpreendente a imagem dos textos que, ao serem datilografados na cidade, criam uma outra, que vem da máquina e da letra. Na internet, temos exemplos dessa visão.

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