O palco e o mundo


Eu, Pádua Fernandes, dei o título de meu primeiro livro a este blogue porque bem representa os temas sobre que pretendo escrever: assuntos da ordem do palco e da ordem do mundo, bem como aqueles que abrem as fronteiras e instauram a desordem entre os dois campos.
Como escreveu Murilo Mendes, de um lado temos "as ruas gritando de luzes e movimentos" e, de outro, "as colunas da ordem e da desordem"; próximas, sempre.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

No Rio de Janeiro, 25/11: Cálcio na Oficina Experimental de Poesia

Fui convidado pelo poeta e professor Heyk Pimenta para participar da Oficina Experimental de Poesia no Imperator - Centro Cultural João Nogueira, no Rio de Janeiro (Rua Dias da Cruz, 170). A atividade é gratuita e ocorrerá das 19 às 21:45 h.
No dia 18 de novembro, na Oficina, ocorreu um debate sobre o meu livro Cálcio. No dia 25, a atividade será uma conversa com o autor com mediação dos poetas Guilherme Gonçalves e Rafael Zacca.


Esta é a página do evento: https://www.facebook.com/events/437578176452501/
Cálcio, que ganhou o Prêmio Minas em 2011, é um livro escrito a partir dos desaparecimentos forçados e execuções extrajudiciais na América Latina, de ontem e de hoje. O primeiro editor que se interessou pelo livro foi o poeta e crítico português Manuel de Freitas, que o publicou em 2012 pela Averno (na contracapa reproduzida acima, basta clicar para ver, há um trecho da recensão de Maria da Conceição Caleiro sobre a edição portuguesa).
Há dois poemas no livro dedicado ao poeta argentino Julián Axat, que também escreve sobre esses temas (e há mais tempo do que eu), e muito me inspira. Com tradução de Anibal Cristobo, ele acabou por publicar Cálcio em seu pais na coleção Los detectives salvajes, da editora Talita Dorada, de La Plata. Excerto de sua apresentação foi também transcrito na contracapa da edição brasileira.

Como o exílio é um dos temas do livro, nada mais adequado que somente em 2015 o livro pudesse ser editado no Brasil. Isso aconteceu graças ao interesse do poeta Iuri Pereira, que era editor da Hedra.
A edição brasileira foi enriquecida também pela orelha do poeta e crítico Eduardo Sterzi, que sintetiza muito bem o livro: nada, disseminação, dialogismo, canto.

centro da voz:
afunda o nada;
extrema foz,
o corpo falha,
no centro do osso
o oco nos cala,
junta-se ao lodo
que nos recobre
da coisa em jogo
que a chama sorve;
centro do jugo:
um fogo foge

(contra a memória, rio vindouro,
o deserto do novo nada
seca a voz da garganta ao osso)

do anônimo
que jaz
só osso
e larvas
no fosso
por fardas
Armadas,
do corpo
que voz
só sopro
assas-
sinada

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